Este trabalho foi escrito com base na minha experiência como criador, nos conhecimentos transmitidos por criadores mais experientes, na leitura de revistas ornitológicas, em pesquisas que efectuei na internet, meio onde consegui recolher a grande parte do conteúdo do documento supracitado.
Este artigo não foi escrito para ter um valor científico, apenas se apresenta superficialmente a doença supra-referida e como ela é vivida na prática, porque não foi essa a pretensão e nem esse o objectivo. O objectivo é no sentido de alertar todos os sócios do nosso clube para a importância de vacinar as suas aves e acima de tudo sensibilizar a nossa Direcção para que seja o primeiro clube em Portugal a ter um programa de vacinação da Varíola.
TRANSMISSORES/CAUSAS
Não se sabe quais os animais que possam transmitir a doença aos nossos canários. Pensa-se que sejam os insectos como os mosquitos ou melgas, mas também podem ser os ratos. Um veículo transmissor pode também ser o ar. O que é certo é que o vírus penetra no corpo da ave, através de uma ferida, picadela, bicada, etc.
Por estas razões a varíola aparece sobretudo durante a muda, pois é quando as aves estão mais cansadas e as partes do corpo desnudadas sendo um terreno favorável às feridas cutâneas, por onde penetra o vírus ou em canarios onde exista falta de higiene, pouca ventilação, excesso de população, má nutrição, aves já doentes ou infectadas.
A grande maioria dos agentes responsáveis pelas doenças quer sejam micróbios ou vírus, são específicos da espécie que eles contaminam. Assim sendo o vírus que origina uma doença num animal só é perigoso para os animais da mesma espécie.
Um exemplo concreto: Os cães podem ter hepatites virais, mas se injectarmos numa pessoa o vírus responsável pela hepatite do cão, a doença não se desenvolverá. Isto contraria a ideia de que o contacto físico com animais e pessoas pode ser contagioso à excepção da psitacose. Esta barreira não é só entre animais e o Homem, mas ela existe também entre animais de espécies diferentes, a saber: a varíola do pombo (Borreliota columbae) B.C.; a varíola da galinha (Borreliota avium) B.A.; a varíola do canário (Borreliota fringilidae) B.F.
Se injectarmos num canário o vírus da varíola do pombo, a doença grave não se desenvolverá no canário.
É aqui que aparece o conceito de portadores sãos. O canário guardará durante algum tempo o vírus do pombo. Caso o canário esteja em contacto com os outros pombos, o canário transmitir o vírus que ele porta e contaminar assim os outros pombos. Trata-se do caso de um portador são.
Os “portadores” são os animais ou o homem que propagam a doença contagiosa sem serem atingidos, daí ser importante proceder-se à quarentena. A quarentena consiste em isolar a ave adquirida num local diferente do local de criação, cerca de 2 a 3 semanas. Se a utilidade da quarentena não é discutível porque é válida para todas as doenças, então não haverá dúvida de que o melhor meio de prevenção das epidemias da varíola é a vacinação.
II – SINAIS/SINTOMAS
A varíola manifesta-se de duas maneiras: cutânea e/ou diftérica.
De forma cutânea, presencia-se o aparecimento de botões ou pústulas à volta dos olhos, bico e patas. Estas pústulas contém um líquido purulento que contém os micróbios. À volta dos olhos, estas pústulas podem supurar dando origem a uma conjuntivite e consequente perda da visão.
Quanto à forma diftérica, esta segunda maneira é a forma mais grave. Não aparecem lesões cutâneas, mas somente lesões internas. O diagnóstico desta mortalidade relativamente rápida não se pode fazer a olho nu, a não ser por autópsia. Só muito dificilmente pode ser diagnosticado através da observação de pústulas no interior do bico e da garganta das aves.
III – A VACINAÇÃO
A única forma de salvação, mesmo num canaril contaminado, é a vacinação. A vacina é condicionada em pequenos frascos com uma dose para cerca de 200 canários.
A vacina (fig.1) deverá ser guardada até à sua utilização no frigorífico. Deve ser efectuada a vacinação em Setembro, “ fim da muda” em Portugal. Tanto os adultos como as jovens crias deverão ser vacinados. É difícil vacinar as aves, deve-se pedir ajuda a um amigo para segurar os canários. Para preparar a vacina, mistura-se os dois frascos: o primeiro contém pó (vírus liofilizado) e o segundo contém o solvente (fig.2). O modo de emprego é o seguinte: deita-se o líquido no frasco que contém o pó, agita-se bem até que o pó fique completamente dissolvido no líquido (fig.3).
A vacina para a varíola dos canários é a [b]Poulvac P Canary 50 doses[/b], o problema infelizmente reside na pouca disponibilidade da mesma no nosso país, tendo conseguido adquirir algumas no estrangeiro, através de amigos residentes.
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Aspecto exterior da embalagem
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Interior da embalagem(estojo completo)
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As várias fases da preparação da vacina,mistura do pó no liquido.
Uploaded with ImageShack.usPara proceder à vacinação, deverá utilizar-se agulhas intra-cranianas com 5/10 de diâmetro e 16 milímetros de comprimento.
Vacina-se segurando o canário de ventre para cima (pernas para baixo), abre-se a asa do canário, estendendo-a, seguidamente sopra-se ficando a descoberto a membrana alar.
Molha-se a agulha na vacina, pica-se a membrana perpendicularmente, tendo o cuidado de não tocar as penas, para que a mini-gota não fique nas penas, não picando evidentemente nenhum osso ou músculo (fig.4). Todas as aves no canaril têm que ser vacinadas no mesmo dia e é necessário fazer um período de quarenta, ou seja, não pode sair nem entrar no canaril nenhuma ave durante 2 semanas, após a vacinação.
[b]VACINA:[/b] A vacina antivariolíca administrada aos canários contém o vírus da varíola do canário de virulência atenuada por 400 passagens sobre culturas de tecidos: fibroblastos de galinha.
Esta vacina protege durante um ano. O que é importante do ponto de vista prático é que as vacinas
são totalmente inofensivas. Mas elas dão origem nos organismos às mesmas reacções que oferecia a doença grave.
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Sequência da vacinação
Por outro lado, uma ave atacada de varíola se conseguir debelar a doença sem necessidade de vacinação fica imunizada para sempre. Por fim, uma ave vacinada não apresenta nenhum perigo se ela é introduzida num canaril, onde os animais não estão vacinados passando o período de quarentena de duas semanas.
CONCLUSÃO/REFLEXÃO A varíola, flagelo actual dos canaricultores, pode ser combatida por todos nós se actuarmos em conformidade e atempadamente.
Espero que este artigo tenha ajudado a reflectir melhor sobre esta doença terrível. Peço a especial atenção à nossa Direcção para a questão, pois derivado a logística, só seria possível com a sua colaboração conseguir ter a vacina à disposição de todos os associados. Caso contrário, não haverá meios para combater esta odiosa doença.
Bibliografia:Retirado do site: [url=http://www.criadourokakapo.com]www.criadourokakapo.com[/url]
Fotos retiradas da revista Alcedo.
Despeço-me desejando a todos um excelente ano de criações.
Obs: Este artigo foi escrito por mim para ser editado na revista nº.5 do Gloster Clube de Portugal do qual sou sócio fundador.
Barreiro, 02 de Janeiro de 2008
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