sexta-feira, 20 de novembro de 2009

OS CANÁRIOS ÔNIX

A mutação ônix tem sido muito comentada desde seu aparecimento em
revistas na Espanha, Itália, Bélgica e sem muita ênfase na revista Francesa ODM,
onde são fornecidas informações fragmentadas. Portanto este factor está a ser desenvolvida em grande escala na Europa e na América do Sul. O seu standard
internacional foi oficializado em janeiro de 2001. Estes pássaros começaram a
concorrer oficialmente no campeonato da França de 2001 e no mundial de janeiro de
2002.
O presente artigo é para juntar o que se sabe actualmente sobre esta mutação
e, sobretudo, para falar das diversas hipóteses e pistas de reflexão de como se
trabalhar os canários ônix.

ORIGEM DOS ÔNIX
Quando vi os primeiros ônix no mundial de Breda em janeiro de 1993,
conversei com o criador que os apresentava, tratava-se de Luís Bellver de Valência na
Espanha. Ele disse-me que esta mutação havia aparecido seis anos antes em uma
ninhada de canários verdes. Temos aí a teoria mais admitida. Porém algumas pessoas
dizem que a mutação é proveniente do cruzamento entre um canário e um Tarim da
América do Sul, o que explicaria a disposição da melanina no interior da pena e a
modificação do desenho estriado da plumagem. Outro boato que corre é que o ônix
não apareceu nas criações acima citados, mas sim na casa de um criador das ilhas
Baleares que após teria cedido os pássaros aos irmãos Bellver. E assim começa a
lenda do ônix.

COMPREENSÃO DA MUTAÇÃO ÔNIX
Desde o início dos anos 90, Luíz Bellver pretendia estudar e fazer reconhecer
estes pássaros na Confederação Ornitológica Mundial – COM. Assim, lhe foi solicitado
testar os ônix em relação às outras mutações e, portanto, introduzi-lo nas numerosas
cores existentes.
Por que esta solicitação?
Simplesmente porque no início a mutação foi mal compreendida e mal
interpretada. Acredita-se que ele transformava a feomelanina marrom em melanina
negra e que dessa forma iria escurecer os pássaros. Pensou-se então em um fator
complementar que melhoraria o fenótipo (aspecto) de certos pássaros e os deixaria
ainda mais espetaculares.
Infelizmente este procedimento foi perda de tempo, porque com a introdução
no pastel, no topázio, etc, não surtiu o efeito esperado, enquanto que os esforços
deveriam ter sido concentrados na pesquisa da tipicidade da mutação introduzida
sobre os quatro tipos clássicos. Por tratar-se de uma mutação complementar e que
deve ser considerada com tal e, portanto, não deve ser misturada com as outras. É
nesta direção que os grandes criadores europeus estão engajados desde 1995 e isto
começa a se refletir no despertar do terceiro milênio.

HEREDITARIEDADE E GENÉTICA DO ÔNIX
Quando vi pela primeira vez os ônix em 1993, o leque apresentado
compreendia uns negro ônix mais claros e outros menos claros, um ágata ônix branco,
alguns exemplares assemelhavam-se aos canela pastel e outros aos canela opala
branco, porém mais escuros. Luíz Bellver me disse tratar-se do cruzamento do ônix e
do canela opala, mas quando lhe perguntei se eram as primeiras gerações opala ônix ou
se eram retornos sobre o opala, ele me disse que não sabia nada porque seu irmão é
que se ocupava disto. Resposta surpreendente vinda de um especialista que fornecia
resultados junto a COM.
No trem ao retornar, eu refletia sobre isto e me dizia que se estes exemplares
foram obtidos na primeira geração estaríamos diante de um caso de alelomorfismo: O
ônix seria então um alelo do opala. Mas confesso não ter ficado muito entusiasmado
com os pássaros vistos e com seus preços proibitivos e ainda naquela ocasião estava
a trabalhar na introdução do mosaico na mutação Eumo, sendo suficiente para
mobilizar minha energia e uma grande parte de minha criação.
Os ônix observados, sem muita ênfase, nos anos seguintes não haviam
evoluído muito e nem o conhecimento dos criadores a seu respeito.
Foi quando os “grandes cilindros Italianos” e Luíz Bellver se dedicaram a
criação dos ônix puros (ou em relação ao opala) que a qualidade dos exemplares
apresentados, rapidamente progrediu e que começaram a aparecer pássaros
espectaculares e dignos de interesse.

PRIMEIRA TEORIA
O OPALA E O ÔNIX SÃO DOIS ALELOS DO MESMO GENE
A teoria do alelomorfismo múltiplo é a mais admitida. Em resumo, o opala e o
ônix seriam duas mutações do mesmo gene selvagem.
Assim, existiriam os exemplares não mutantes, os exemplares mutantes puro
opala, os exemplares mutantes puro ônix, os mutantes com um gen opala e com um gene
ônix sendo estes últimos os pássaros que apresentam um aspecto intermediário. O
ônix será evidentemente como o opala de hereditariedade recessiva livre.
Resultado do cruzamento por este teoria:

 puro ônix X puro ônix = 100% puro ônix;
 puro ônix X puro opala = 100% intermediário opala ônix;
 puro ônix X intermediário = 50% puro ônix e 50% intermediário;
 intermediário X intermediário – 25% puro ônix, 50% intermediário, 25% puro
opala.

O que pensar desta teoria?
Ela tem a vantagem de ser simples e de mostrar que efectivamente existe um
parentesco entre o opala e o ônix. Eu acasalei intermediários entre si e obtive puros opala
e também puros ônix. Mas nos intermediários existem os exemplares mais claros que
outros e existem também os puros ônix que são um pouco mais claros. Serão eles
então verdadeiramente puros?
Esta variação de aspecto deve ser interpretada como uma simples variação
como vemos em todas as cores, ou precisamos de uma outra explicação genética?

SEGUNDA TEORIA
O OPALA E O ÔNIX SÃO DOS GENES SEPARADOS, MAS SOFREM INFLUÊNCIA UM
DO OUTRO
Esta teoria é desenvolvida pelo juiz espanhol Ruís Cano. O opala e o ônix
seriam duas mutações distintas, mas com influência de uma sobre a outra. Estas duas
mutações seriam de hereditariedade recessiva livre. Assim existiriam:
- uns puros ônix;
- uns puros ônix com portadores opala;
- uns puros ônix com puro opala;
- uns puro opala com portadores ônix;
- uns portadores ônix com portadores opala; e
- na outra ponta uns puros opala.
Assim, entre o ônix e o opala teríamos quatro tipos intermediários (do mais
escuro ao mais claro), pois no momento em que um exemplar do gene opala se encontra
em presença de um exemplar do gen ônix, obtém-se um pássaro de aspecto
modificado. O que pensar desta teoria?
Ela é mais complicada que a anterior, mas explica melhor a variação de
tonalidade dos exemplares intermediários e também o facto de que certos pássaros de
aparência escura possam ser considerados como ônix puros (os Belgas chamam estes
pássaros de “Tipo ônix”), seus descendentes seriam pássaros mais claros. Estes “Tipo
ônix” seriam então os puro ônix portadores de opala.

COMO TRABALHAR OS ÔNIX
- Livrar-se do Opala
Tanto o standard oficial internacional como o standard Francês, só aceitam os
puro ônix. Partindo deste princípio, o trabalho imediato e prioritário é de se livrar do opala no
ônix.
No negro ônix o número de exemplares puros é suficientemente importante
para que procuremos somente os reprodutores puro ônix. Cruzaremos somente os
puros ônix entre eles ou a rigor, um puro ônix com um intermediário bem escuro. Por
outro lado, no ágata ônix ou no canela ônix, o número de puros ônix é muito restrito
sendo assim, podermos ainda utilizar os exemplares intermediários com objetivo de
produzir rapidamente os puro ônix.
Em seguida utilizaremos somente puro ônix. É inconcebível ainda continuar
a acasalar os ônix com os opalinos, pois levará pelo menos duas gerações para
se obter novamente o puro ônix.
- Melhorar o tipo
O propósito a produção de puro ônix corresponde os objectivos do standard.
O trabalho realizado até agora, consistiu em eliminar o opala e melhorar a
estrutura do ônix (tamanho e, sobretudo, a plumagem), assim como a qualidade da
categoria. Este trabalho está no bom caminho, agora é preciso melhorar o tipo.

NO NEGRO ÔNIX
É preciso ainda escurecer os pássaros, principalmente a tonalidade da estria,
alongar as estrias e enegrecer as patas. Isto será obtido acasalando um negro ônix
puro com um bom negro clássico e em duas gerações a melhora será visível.

NO CANELA ÔNIX
É preciso aqui também, escurecer os pássaros, principalmente ressaltar e
alongar a estria. Isso será obtido em cruzamento com bons canelas clássicos.

NO ÁGATA ÔNIX
É necessário se empenhar em ressaltar o desenho estriado.
Alguns ágatas ônix têm um desenho muito largo e contínuo, visto que sua
origem provém dos negros ônix.
É, portanto, necessário acasalar com excelentes ágatas clássicos de desenho
bem fino e descontínuo.

AS PARTICULARIDADES DO ÔNIX

1 – AÇÃO SOBRE A PIGMENTAÇÃO DA PLUMAGEM
Há uma modificação da pigmentação melânica das penas. O eixo central da
pena é levemente mais diluído que o clássico e a eumelanina se dispersa pelos
filamentos da pena. Desta maneira, no negro ônix, o negro das estrias se torna cinza
escuro sobre um fundo cinza mais claro.
O pássaro parece coberto por um véu cinza. Isto acontece também nas asas e
na cauda. Penas cinzas bem escuras com uma borda acinzentada.
Outra particularidade: Nas remiges e rectrizes, a pigmentação não é regular,
vemos pequenas faixas mais claras transversais em suas plumas.

No Canela Ônix
Encontramos este efeito de diluição sobre o eixo das penas (existe nas penas
de cobertura o fenômeno das pequenas faixas mais claras). A dispersão da melanina
no contorno da pena, também dá um clareamento entre as estrias.

No Ágata Ônix
O eixo central da pena apresenta uma tonalidade cinza escuro, enquanto que o
contorno é particularmente mais claro.

2 – A CABEÇA
Há muito tempo se diz que os ônix possuem uma cabeça negra. Outros falam
de uma capa , é mais correto se falar em véu e de compreender que a tonalidade deste
véu dependerá do tipo (negro, canela ou ágata), e da categoria (intenso, nevado e
mosaico).
Assim, num negro, o véu será cinza escuro e num exemplar intenso com
plumagem densa, ele será concentrado e formará uma espécie de touca negra sobre a
cabeça, a nuca e o alto do dorso. Ao contrário, em um ágata mosaico não haverá esta
touca, mas a parte de cima da cabeça, a nuca e as bochechas, são cobertos de finas e
curtas estrias cinza escuro.

3 – A DESPIGMENTAÇÃO DOS ESCAPULARES (penas de coberturas das
asas)
Actualmente a maioria dos ônix negro e canela apresentam na extremidade do
escapular uma despigmentação melânica, o que propicia um efeito não muito bonito e
que talvez esteja ligado à estrutura da pena (pena larga) dos exemplares actuais.
Alguns exemplares quase não apresentam este fenômeno de despigmentação.
No ágata ônix observamos muito pouco. Penso que esta despigmentação não é uma
característica e que será preciso eliminá-la.

4 – A DESPIGMENTAÇÃO DOS FLANCOS
Freqüentemente os negros ônix apresentam falta de melanina nos flancos.
Possuem estrias nos flancos porém muito fracas e não é muito escura entre as estrias.
Isto está ligado a uma plumagem um pouco longa. Trabalhando com exemplares de
plumagem mais densa e cruzando novamente com os clássicos com estrias bem
marcadas deveremos, provisoriamente, sanar este defeito.

5 – A SUB-PIGMENTAÇÃO DAS PATAS
Ela encontra quase que em todos os negros ônix actuais. Todavia o trabalho
com bons clássicos começa a dar bons resultados e da pigmentação das patas a
tornar-se correta. A notar que quase todos os ônix criados na Alemanha têm as patas
bem pretas. Isto evidentemente não tem nada de natural (nem está ligado à genética
nem a um bronzeado ao sol forte do Mar do Norte), mas tem certamente uma ajuda
química: portanto atenção!
 O standard dos ônix
Estes standard estão evidentemente em plena evolução. Eis aqui a versão que
se aplicará.
- Negro ônix
A melanina está disposta de maneira particular na plumagem. O desenho
estriado do corpo será longo e alinhado como no negro clássico. As estrias negras do
manto se destacarão sobre um fundo cinza quase preto.
Um véu cinza sombreado cobre as remiges e retrizes. Uma touca negra
envolve a cabeça e a nuca. Esta touca é menos visível no nevado e no mosaico. As
patas , o bico e as unhas são negras.

NOTA: Uma espécie de borda sobre os escapulares poderá estar presente,
mas esta não é uma exigência. O estudo posterior destes pássaros nos indicará se
esta borda persistirá nos pássaros mais típicos.

- Canela ônix
A melanina está disposta de maneira particular na plumagem. O desenho
estriado do corpo será longo e alinhado com no canela clássico, as estrias cor canela
do manto se destacarão sobre um fundo canela mais claro. Um véu acinzentado cobre
as remiges e retrizes. As patas, o bico e as unhas são claras.

- Ágata ônix
A estria será cinza escuro sobre um fundo cinza mais claro. O desenho
melânico corresponde ao do ágata clássico, mas no que se refere à cabeça e a nuca, a
melanina será mais envolvente. As remiges e retrizes serão cobertas por um véu
acinzentado. As patas, o bico e as unhas são claras.

Jean-Paul Glémet
França

Fonte:http://www.spco.com.br/Artigos_tecnicos/onix.pdf